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02/01/2020 | Voz da Arquibancada
A Ãtaca Eterna e Azul de Homero
Por Sandra Starling - CLIQUE aqui par ler e comentar ...
Revisitação de texto escrito por Sandra Starling, torcedora do Cruzeiro, sobre sua paixão pelo Cruzeiro no texto de tÃtulo original ´O destino numeroso de torcer para o Cruzeiro`.
´O coração tem razões que a própria razão desconhece`, ensinava Pascal.
A mim, me foi dado o destino numeroso de ser cruzeirense, de participar da exaltação provocada por uma camisa azul e branca, decorada com as estrelas do Cruzeiro do Sul, que outrora transcorria por humildes campos de Minas nas tardes de domingo, mas que hoje arrasta multidões a estádios monumentais ao redor do mundo, ou nos eletriza por meio das ondas de televisão que integram a aldeia global.
Mudaram-se os meios, mas a paixão permanece intocada, como a Ãtaca eterna e azul de Homero, destinada a ressoar para sempre em minha alma.
Antes de ser um time, o Cruzeiro, para mim, é uma paixão, e é da natureza das paixões não se deixarem reduzir aos parâmetros e equações da economia.
Porque, se a economia é cinza, a terra é azul como a camisa do Cruzeiro.
Não me comove portanto saber se o adversário é ou não financiado por esta ou aquela multinacional, multimilionária. Busco sobretudo fruir o momento mágico em que o balé viril, dançado por 11 atletas, se converte na alegria do gol, que percorre instantânea cidades, campos, nações, provocando o riso, arrancando as lágrimas, iluminando cotidianos tristes com a faÃsca elétrica da felicidade.
Hoje, quero ver a coreografia regida por Palhinha, sustentada por Nonato, defendida por Dida e partilhada por todos os jogadores do Cruzeiro se transformar em gols.
Nas asas desta paixão ilimitada já vivi momentos inesquecÃveis. Em 1966, ouvi de joelhos a final do Campeonato Mineiro, presa em casa para amamentar minha primeira filha. Em 1969 fui doente ao Mineirão assistir Cruzeiro e Santa Cruz, ocultando meu estado para não perder o jogo.
Hoje, esteja onde estiver, na vida que abracei, não apenas verei o jogo, mas anunciarei os gols a meu marido – também ele cruzeirense doente -, mas que evita ver os jogos com medo de sofrer um infarto.
Com os olhos colados na televisão, acompanharei com o coração na mão cada um dos movimentos da partida, oscilarei da depressão à exaltação segundo o local em que se encontre a bola, sempre acalentando a esperança inesgotável na vitória, mesmo quando ela se afigure impossÃvel, mesmo quando todos os fatores se combinem para decretar a derrota.
Muitos anos de fidelidade às estrelas do Cruzeiro me tornaram invulnerável às noites nubladas, às eventuais derrotas, conquistei o direito de repetir com o poeta: ´Renasci muitas vezes do fundo de estrelas derrotadas, reconstruindo o fio das eternidades que povoei com minhas mãos`.
Mas estou certa que, no frio desta noite, as estrelas do Cruzeiro do Sul incendiarão os corações mineiros e eu poderei parafrasear Pablo Neruda: Não me pertence mais a sombra que indaguei, eu tenho a alegria duradoura de ser estrela, a herança dos bosques e o vento dos caminhos da vitória.
Cruzeiro Esporte Clube, aqui me tens.
Sandra Starling
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 | pyxis | BHZ | 04-01-20 15h16min Este é um texto ETERNO. Nuvens ´azul escuro`, tempestades e trovoadas JAMAIS tirarão o Cruzeiro do Sul do firmamento. |  | Celeste | Sorocaba-Itajub� | 04-01-20 19h18min Lindo texto.Traduz uma cruzeiridade magnifÃca. Sugiro que seja publicado uma vez por mês. |  | pyxis | BHZ | 05-01-20 20h56min Dra Celeste, este texto foi uma das primeiras colunas publicadas no nosso site, quando ainda nem existia o domÃnio Cruzeiro.Org registrado. Vez por outra republicamos ou publicamos excertos ... É impressionante como O texto beira a perfeição... e olha que foi feito num momento de glória e conquistas... |
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